sexta-feira, 22 de maio de 2009

História do Jazz... parte I















Há alguns anos atras escrevi esta matéria pra uma revista de música... eu sou muito fascinada por história... principalmente quando esta é ligada a ritmos... por isso... dei uma modificada na matéria... coloquei uns elementos, tirei outros e coloco aqui um pouco deste ritmo que influencia tanto nossa forma de tocar...
enjoy...
“O jazz não é um estilo musical, mas uma forma de se tocar”
Louis Armstrong



Quem diria que a palavra “jass”,que muito antes do nascimentoda música era um termo vulgar usado para o ato sexual,iria transformar-se em “jazz” e virar sinônimo de arte musical, de composição,improvisação, de um estilo vivo que está em constante evolução...

A linguagem sonora que influenciou a música em boa parte do mundo.

Para que o jazz se tornasse o que ouvimos hoje,percorreu uma longa e interessante história, que começa com a chegada de negros escravos nos EUA com ritmosintermináveis africanos.As primeiras manifestações musicais eram danças frenéticas envolvendo diversas partes do corpo com sinetas e guizos como instrumentos.
Usavam ainda tambores batidos com pés, mãos, cotovelos e acessórios sonoros que eram sacudidos e raspados, como tábua de lavar roupa, mandíbula de cavalo, tonéis.Mais tarde com a evangelização dos negros,esta cultura foi sobreposta às estruturas musicais européias através de hinos religiosos.A esta fusão, juntaram–se as primeiras escalas pentatônicas do Oeste africano, originando o negro spiritual.De forma semelhante criaram as work songs, compostas de perguntas e respostas,que ritmavam e alentavam o trabalho braçal.

O Improviso

De longe, a característica mais marcante do jazz e a que mais influenciou a música mundial é a improvisação. Está na história da música como um todo, pois é nesta prática que se solta a criatividade,na invenção de frases melódicas capazes de exprimir um estilo e uma personalidade.A improvisação como formação do músico foi meio deixada de lado em uma época emque a escrita musical atingiu um desenvolvimento enorme e os compositores escreviamcada vez mais.Com os músicos emergentes negros americanos, acontecia o contrário.

Além de terem menos formação musical, vinham de uma cultura africana de tocar tambores e cantar improvisando. Isto os levavam a fazer arranjos de cabeça, ou seja, improvisavam. Geralmente as improvisações são acompanhadas e feitas em cima de temas. A partir de um tema é possível improvisar, desenhar melodicamente a música sobre a base, parafrasear. Existem ainda improvisações coletivas onde as vozes de vários instrumentos se misturam numa polifonia.

♫ O Nascimento do Jazz


banda de jazz em um funeral em New Orleans

Por volta de 1900, muitos negros em New Orleans haviam aprendido instrumentos de sopro e juntaram-se a aqueles que tocavam tambores, já nãotão extravagantes nem tão rústicos como outrora, e aos finais de semana ànoite tornavam-se músicos ocasionais. Estes ritmos somados as marchas de fanfarras, quadrilhas francesas e composiçõesde pianistas de bar,constituíram o primeiro repertório do jazz.As bandas eram móveis, itinerantes. Tocavam nas ruas, em cerimônias públicas,desfiles, e funerais. A mesma banda que ia tocando lentamente nos enterros voltava efusiva para a festa celebrando a continuação da vida. Neste contexto a função do baixo era feita pela tuba e mais adiante pelo trombone.

♫ O Ragtime

Jelly Roll Morton

Composta para o piano, essa música que mistura clássica com popular é uma das mais ricas em melodias e muito contribuiu para o desenvolvimento do jazz. Fortemente sincopado e dançante, as peças eram de dois,três ou até quatro temas diferentes, geralmentede dezesseis compassos,foi inspirado numa dança conhecida como “Cake-Walk” ou“Regging”, que imitava danças de origem européia. O pianista executava, na mão direita,a melodia sincopada e floreada enquanto a mão esquerda,a marcação de base aos tempos fortes. Posteriormente os metais também fizeram parte do ritmo.

♫ New Orleans 1900


Considerada como o berço do Tradicional Jazz, New Orleans no início do século atraía povos de varias etnias que amavam e praticavam as suas próprias tradições musicais. Uma grande mistura de ritmos: óperafrancesa, folk songs, danças espanholas, marchas prussianas,canções napolitanas, melodias cubanas, ritmos africanos,blues,spirituals, shouts, ragtime e tudo o mais que fosse musical se cruzavam mutuamente. Em seu bairro boêmio cheio de bares, tavernas, bordéis, salas de jogos, cada um tinha seu pianista,demonstrando a marcante atividade musical da cidade. Aos poucos foram formando as pequenas orquestras de metais que ganhavam cada vez mais espaço. Assim após os desfilesnas ruas a nova música ia penetrando estes ambientes.Para conseguirem os melhores contratos e os melhores locais para tocar, os grupos travavam verdadeiras batalhas musicais nas ruas de New Orleans.Quem tocasse mais depressa ou o solista que tocasse mais alto ou a formação quemais mexia com os ouvintes vencia o embate. Louis Armstrong


Foi justamente em New Orleans que nasceu o mais célebre nome do jazz, Louis Armstrong. Dono de um talento excepcional e vários anos à frente de seutempo foi precursor da linguagem jazzística de tocar e improvisar.


♫ Chicago 1920


Em Chicago nos anos 20 o movimento musical é grande, devido a cidade ser um centro industrial na época e a proliferação de clubes clandestinos onde se dançava e bebia muito álcool. Os músicos encontravam facilmente trabalho formando orquestras,mas ainda assim o impacto do jazz em Chicago não foi muito rápido.O ragtime e o blues já se haviam infiltrado há algum tempo, mas coma a fluência de músicos de New Orleans para Chicago, os músicosda cidade fizeram o possível para impedir a instalação dos novos colegas. Trataram sua música como suja e a insultavam por todos os nomes. Desta forma, a palavra jazz começou a ser usada, primeiramente como xingamento. Nesta época, os brancos começam a ver uma fonte não só musical, mas também de renda muito forte, e produziam as Big Bands, bandas de baile que competiam com as recém-formadaspelos negros.Ambas eram requisitadas em todas as novas boates e começaram a fazer turnês paraoutras cidades e estados dos EUA.O baixo acústico começou a ser introduzido nas bandas mas comuma condução simples.

Normalmente dobrava as linhas de baixo do piano. Curiosamente não foi uma orquestra formada de negros que gravou o primeiro disco de jazz, foi a Original Dixieland Band em1917, formada por brancos. Logo em seguida King Oliver montou a Original Creole Jazz Band emChicago, demonstrando o que erao verdadeiro jazz de New Orleansem várias gravações.
Bandleader Joseph "King" Oliver
Chicago não se limitou a hospedaros “jazzmen” de Nova Orleans,mas também criou os seus que mais tarde formariam o estilo Chicago.Este reuniu ao seu redor todo o saber jazzístico de então e foi durante anos a cidadedo jazz por excelência.
♫ Swing
O período que engloba a década de 30 ficouconhecido como era do swing. Trata-se do primeiro estilo maciçamente popular do jazz,de extrema qualidade técnica, arranjos elegantes e dançante, o que agradava imensamente as multidões durante a época da guerra. O swing teve as mais célebres formações orquestrais do jazz,como Glenn Miller, Benny Goodman e Artie Shaw.

Count Basie, um dos grandes mestres da época,tinha Walter Page no contrabaixo que foi o primeironome a gravar tocando walking bass - técnica através da qual o contrabaixo passa a descrever linhas contínuas com uma nota por tempo.


Walter Page

Antes dele a condução era feita pela tuba ou pelo próprio baixo acústico, mas com uma condução com notas no primeiro e terceiro tempo do compasso. É o que conhecemos como condução “a dois”.Walter no baixo e Papa Jo Jones na bateria revolucionaramcom um jeito mais aberto e solto de tocar.

Mais tarde Duke Ellington, pianista e grande manager de orquestras, descobre o talento do contrabaixista Jimmy Blanton.Com novas idéias harmônicas e melódicas que nunca foram imaginadas,Jimmy introduziu o uso de colcheias e semicolcheias demonstrando um potencial parao instrumento ser solista.Mesmo tendo morrido prematuramente aos 21 anos, marcou com seu virtuosismo tornando-se o primeiro mestre do contrabaixo no jazz.
Jimmy Blanton

O fato é que o próprio nome do estilo seja também o nome de uma qualidade muito valorizada no jazz. Indica que existe ali algo de profundamente válido em termos jazzísticos. É sempre bom ressaltar que o swing foi um celeiro de talentos. Muitos músicos que depois desenvolveriam estilos próprios e viriam mesmo a inaugurar novas correntes no jazz são oriundos das orquestras da era do swing.

Bebop 1940

Antes de 1940, após a grande depressão, havia pouco dinheiro no mercado e conseqüentemente o declínio das Big Bands. Neste cenário, surgem pequenos grupos de cinco ou seis músicos tocando em pequenos bares que foi uma alternativa de bom comércio para sua música. O tamanho menor ainda permitiu oportunidades de solo a todos instrumentistas que passam a ter vez para o virtuosismo.

Nasce o Bebop.


A música foi caracterizada pela sofisticação harmônica (principalmente o uso de “blues” e “rhythm changes”),complexidade rítmica, e por melodias e progressõesmais complexas. Além disso, as frases dentro da música eram freqüentemente irregulares, fazendo do bebop um estilo muito menos popular.Com o bebop o jazz deixa de ser música para dançar e passa a ser música para ser ouvida, apreciada. Tocar Bebop exigia muito mais técnica dos baixistasque começam a improvisar, explorar a região mais aguda, usar o cromatismo no walking e aumentar a velocidade, já que o andamento é bem mais rápido.

Slam Stewart, com seus solos de arco, pizzicato e voz em simultâneo, foi um dos pioneiros em improvisos em contrabaixo.

Slam Stuart

Sucessor de Jimmy Blanton, o contrabaixista e violoncelista Oscar Pettiford foi um dos pioneirosno estilo Bebop e como artista solo montando seus próprios grupos.

Oscar Pettiford

Na década de 40 tocou ao lado de Charlie Barnet, Coleman Hawkins, Earl Hines, BenWebster, Dizzy Gillespie e Duke Ellington. Faleceu em 1960.



Ray Brown,


outro sucessor de Jimmy Blanton e contemporâneo de Oscar Petifford,tocou em várias big bands e ocupou o espaço deixado nas pequenas formações por Pettiford, que ingressara na big band de Duke Ellington.

Em sua longa carreira, Ray morreu em 2002, tocou com grandes nomes como Dizzy Gillespie, Ella Fitzgerald,Oscar Peterson, Sarah Vaughan, Tony Bennett e também em suas formações comoartista solo.

No Bebop é criado um outro dialeto dentro do jazz.

O nome vem das onomatopéias pronunciadas pelos músicos imitando o fraseado frenético dos seus instrumentos.




A articulação e as frases do bebop eram o sotaque da voz do negro (bebop-bebop), sendo todos os grandes expoentes negros,Slam Stewartee o principal, Charlie Parker - um improvisador prodigioso com a técnica perfeita. Seu modo de tocar era algo novo no mundo do jazz. A influência que Charlie Parker exerceu nosmúsicos só se compara àquela exercida por Louis Armstrong.Outro mentor do bebop foi Dizzy Gillespie, umdos criadores da linguagem do trompete jazzístico moderno, e um verdadeiro embaixador da música.O surgimento do bebop desperta e reascende o interesse em New Orleans pelo jazz,e unifica o estilo Jazzístico e seus músicos.


Charles Mingus excepcional improvisador no contrabaixo, compositor e um dos mais importantes contrabaixistas de todos os tempos, também liderava os seus grupos, muito se destacou no movimento.Charles Mingus


Outro baixista de grande influência sendo um dos responsáveis pelo cromatismo no walking foi o baixista Scott LaFaro (1636-1961), que apesar de ter morrido bem jovem, aos 25 anos, deixou uma grande marca e foi umadas maiores influências do contrabaixo no jazz. Gravou uma quantidade enorme dediscos com diversos nomes do jazz entre eles o pianista Bill Evans.Scott LaFaro

Depois da morte de Scott LaFaro, o baixista porto-riquenho Eddie Gómez passa a tocar com com Bill Evans, onde impõe à sua marca a elegânciade um grande improvisador no baixo acústico tocando toca mais na região media do instrumento, o que faz lembrar o som do fretless.

Eddie Gómez

Tocou com vários nomes do jazz, como o pianista Chick Corea, e o percussionista brasileiro Airto Moreira, entre muitos outros.Vários dos baixistas citados aqui não podem ser inseridos em um período musical. Além de suas carreiras passarem por várias eras, os vários estilos sempre coexistiram fazendo com que os músicostocassem todos eles.
Podemos destacar outros nomes no estilo como o pianista Thelonious Monk,os bateristas Kenny Clarke e Max Roache o guitarrista Charlie Christian; e também o vibrafonista Milt Jackson, o pianista Bud Powell e o trombonista Jay Jay Johnson.

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